Por Michael Turner *
Até o fim deste ano, haverá mais
smartphones, tablets e notebooks do que gente no planeta, segundo um
levantamento recentemente divulgado pela Cisco. A previsão de que o número de
aparelhos móveis com acesso à internet vai superar o de pessoas em breve é especialmente
espantosa se consideramos que a rede 3G surgiu há apenas uma década.
A variedade de tais aparelhos
também deve aumentar. O Google, por exemplo, distribuiu há algumas semanas para
testes os primeiros protótipos de seus óculos com acesso à internet, o Google
Glass. Se verificar emails ou se conectar à rede são tarefas cada dia mais
simples, difícil vai ser ficar offline.
É inquestionável que tudo isso
está mudando a forma como trabalhamos. Mas as mudanças são boas ou ruins para o
equilíbrio entre vida pessoal e trabalho? Em uma pesquisa recente realizada em
Hong Kong,
42,7% dos entrevistados destacaram os efeitos negativos da
conectividade. A principal queixa foi a de que as pessoas se sentem como se
nunca “desligassem”, mesmo à noite ou de folga.
A tecnologia de fato facilitou a
cultura do trabalho 24 horas por dia, sete dias por semana, mas essa prática
também é alimentada por outros fatores. Cada vez mais globalizadas, as empresas
interagem com clientes e funcionários em fusos horários diferentes e, por isso,
esperam que a equipe esteja disponível para ligações tarde da noite ou bem
cedo. Além disso, a crise global forçou muitos funcionários a assumir tarefas
adicionais – o que os levam a trabalhar mais horas por dia.
A culpa não é exatamente da
tecnologia, que trouxe muitos benefícios para os trabalhadores, ajudando-os a
equilibrar a relação trabalho e vida pessoal. A “nuvem” de informações, por
exemplo, facilita o trabalho remoto, que, entre outras vantagens, ajuda os
profissionais a economizar tempo no trânsito. Com a videoconferência,
executivos evitam viagens longas e cansativas.
A tecnologia permite que as
pessoas trabalhem em qualquer lugar, de onde possam ser mais produtivas. Não é
coincidência, portanto, que os lançamentos de aparelhos como o Blackberry, em
2003, o iPhone, em 2008, e o iPad, em 2010, tenham sido acompanhados por um
grande aumento na demanda por espaços de trabalho flexíveis.
A flexibilidade em relação ao
local de trabalho é boa para o profissional e, consequentemente, para a
empresa, que ganha em produtividade. Por isso, essa tendência cresce no mundo
todo. De acordo com um estudo recente da Regus, 41% dos entrevistados acreditam
que suas empresas estão fazendo mais para ajudar os funcionários a reduzirem as
longas viagens que faziam há dois anos, por exemplo. Os aspectos negativos da
tecnologia móvel estão, portanto, mais ligados a problemas de gerenciamento.
A pesquisa acima citada com
profissionais de Hong Kong mostrou também que as pessoas usam seus dispositivos
móveis para trabalhar fora do horário de trabalho porque seus chefes ou
clientes esperam isso delas. É claro que as pessoas podem precisar participar
de teleconferências tarde da noite ou em um fim de semana, mas os esquemas
flexíveis as ajudam justamente a equilibrar melhor as tarefas profissionais e o
tempo livre.
Mas os próprios profissionais
precisam pensar sobre seus hábitos. Colegas e clientes podem facilmente nos
contatar fora de horário porque já estamos conectados em nosso tablet ou
telefone, interagindo nas mídias sociais ou verificando os resultados do
futebol. Ou seja, estamos mais propensos a ouvir o barulho de um email chegando
e respondê-lo. O remetente assume que estamos dispostos a trabalhar fora do
expediente e nos bombardeará ainda mais no futuro. Ou seja, empresas e
profissionais precisam aprender a lidar com o presenteísmo e usar a tecnologia
a favor da produtividade e da qualidade de vida.
(*) É vice-presidente para a
América Latina da Regus, empresa que oferece espaços de trabalho flexíveis.
Fonte: VocêRH.com

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