Não mate o leão*

O leão lembra um guerreiro forte e poderoso. É exímio caçador, apelidado de “rei dos animais”, conhecido por usar táticas de emboscadas e de ação. Hoje em dia o leão é um símbolo usado em várias ocasiões. Ele é mascote de diversos times de futebol; vemos passagens bíblicas em que o “Leão da Tribo de Judá” é o Messias; escutamos muito a frase: “vamos prestar contas com o leão do imposto de renda!”.

Há muitos anos trabalho com vendas, liderando equipes comerciais, com a missão de servir com excelência nossos clientes internos e externos, para desta forma atingirmos níveis satisfatórios de faturamento, tanto para as instituições quanto

para os colaboradores. Assim, sempre tive como verdade absoluta a frase: “equipe, precisamos matar um leão todos os dias!”. Acredito que você já tenha pensado assim.

Ao enfatizar a frase matar um leão, queria transmitir ao grupo que éramos mais fortes e que precisávamos vencer todos os obstáculos do nosso dia a dia; que a vitória era dos mais valentes e que, matando o leão, venceríamos os empecilhos.

Após ter aprendido com a vida, vi que estava enganado. Por que matar o leão? A violência gera violência!  A palavra matar já está tão presente em nossos dias, nos jornais impressos e televisivos, nas rádios, nas ruas, nos lares, nas guerras, em nossa mente. Assim como podemos viver bem ao lado desses fatos?

Estive conversando recentemente com um jovem e lhe fiz uma pergunta: o que gosta de fazer nas suas horas de lazer?  Ele me respondeu: “ Jogar game”. Fiz a segunda pergunta: Qual?  O rapaz falou alegremente: “Jogos que tenha tiros, sangue, emoção. Ao jogar sinto-me bem.

Caros leitores, o mundo está mudando, mas digo-lhes que a solução não é a morte do leão. Óbvio que dependendo do problema que venhamos a ter, precisaremos sim eliminá-lo. Mas, analisem com critério. Não sejamos agressivos, matadores precipitados. Pensemos, ao invés de matar, em domar o leão. Precisamos ter cautela, habilidade, inteligência, técnica e autoridade, ao invés de poder. Claro que sem perder o senso de urgência para cada situação. A vida não é dos mais fortes, bravos e sim dos que sabem ouvir, pensar e agir planejado, aliado à razão, com base nos processos, leis, culturas e etnias, respeitando sempre o próximo. Então dome e administre os problemas, faça o leão comer em sua mão. Ele move a nossa vida; é necessário e desafiador. Deixo por fim a pergunta: quem é mais vencedor, quem matou ou quem domou o leão?

* Texto publicado originalmente na coluna Opinião do Jornal Correio da Paraíba em 28/08/2012