Desertão, nome usado
durante a colonização do Brasil pelos portugueses e que, com o tempo, passou a
ser chamado sertão. No sertão, vivi meus primeiros anos de vida, no clima
tropical semiárido.
Em uma viagem recente, pude amenizar saudades. Percebi que pouco mudou. Infelizmente presenciei a seca que castiga o sertanejo há muito tempo. Desde pequeno que ouço falar da seca, das chuvas, dos projetos políticos e pouco avançou.
Terras rachadas, antes açudes; plantios comprometidos, aguardando a transposição do velho Chico; ossos dos gados ao chão, esperando o faminto cão de guarda roê-los e o leite das crianças, quando tem, vira água, ou melhor, que água?
Algo avançou. O homem do campo hoje está substituindo por motocicletas o querido animal conhecido como jumento cuja carne é tão desejada pelos chineses. Com esse avanço esses animais de baixo valor
comercial no Brasil, estão soltos pelas ruas, avenidas, estradas. No percurso, vi algo que me deixou indignado! Foi na BR-361, no trecho entre a cidade de Conceição até Patos. Contei 39 jumentos nos acostamentos, sem contar com alguns bodes, cachorros e cavalos que eram em quantidade menor. Um absurdo! Que risco! Vidas ceifadas! Onde estão as autoridades? Também me chamou atenção que todos ficavam no acostamento, alimentando-se, em muitos casos em grupo de 3 a 4 animais. Pensei: Eles de burro não têm nada. Bem melhor andarem em estradas, caminhos fáceis sem obstáculos, sem espinhos à procura de um novo dono, da esperança do verdadeiro caminho.
Precisamos entender então quem é a mula sem cabeça! Os que morreram perdendo suas cabeças? Eu que passei por lá? O proprietário dos animais ou as autoridades responsáveis? Alguns políticos têm rápidas aparições, isto é, aparecem de forma rápida e às vezes nos confundem. O mesmo acontece com os burros. Alguns são da cor do asfalto e ainda ficam escondidos às vezes no matagal que invadem as rodovias, causando assim uma surpresa, um susto ou uma freada inusitada em nossa viagem.
Pouco mudou! Vi pessoas viajando em cima das caminhonetas, gente vendendo água em carros-pipa e, mesmo assim, vi nos olhos do povo que sua esperança não acabou e que mantêm a fé em que um sertão melhor há de vir.
* Texto publicado originalmente na coluna Opinião do Jornal Correio da Paraíba em 07/08/2012

Bom dia senhor Heyson!
ResponderExcluirJá morei no sertão. Ao ler seu texto lembrei do passado. Chorei bastante! Você descreveu bem este fato real.
Meus sinceros parabéns!!!
Carla - João Pessoa
EXCELENTE. ÓTIMO BLOG. Recomendarei!!!!! ADOREIIIII
ResponderExcluirVocê conseguiu descrever com detalhes inclusive o sentimento do sertanejo. Parabéns.
ResponderExcluirParabéns. Excelente artigo...blog legal!!!!
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