Número 10 sempre lembra algo extraordinário, uma nota máxima, um
craque de futebol ou por coincidência uma cobrança pelo “excelente” serviço
prestado em um bar/restaurante.
Em 70% das vezes em que vou a um bar/restaurante tenho problemas na
hora de pagar a conta, pois é imposta a cobrança da taxa referente aos 10% do
“garçom”. Ao negar pagamento desse percentual há garçom, que ao invés de sorrir
e ter habilidade para me convencer, faz tudo ao contrário, fecha o semblante e
diz: “senhor, esse é o meu salário. Vivo disso. E agora?”. Já fiquei muitas
vezes constrangido em pleno momento de descanso, lazer. Muitos desses que
cobram prestam péssimos serviços ao cliente. Quem nunca chegou a um restaurante
e ficou assobiando, dando psiu, levantando os braços, pede gelo e não tem, pede
uma bebida e acabou; a comida veio fria ou o banheiro estava inadequado.
Por que ser 10% e não 5%, 12%? Será que é devido ao número 10 ser
sinônimo de excelência? Essa cobrança tem gerado muitos problemas. Algumas
vezes não é sinalizada tal cobrança ou fica em local
despercebido com letras
pequenas. Sou contra esses 10% do garçom mesmo estando bem sinalizado, e sou a
favor da gorjeta, pois é uma forma de reconhecermos os bons profissionais.
Gorjeta é livre e não obrigatória. Posso dar a um vendedor, motorista,
balconista, recepcionista, taxista... garçom.
Muitas empresas não repassam por completo ao garçom este percentual,
isso quando não ficam com tudo gerando muitas causas trabalhistas. Sempre fico
pensando: “por que eu tenho que pagar “comissão” do garçom?” Valor fixo 10% já
não é gorjeta, sim comissão. Lembro que muitos garçons têm salário fixo e já
estão contempladas despesas nos preços dos produtos. Quer cobrar 10%, inclua também
nos preços dos produtos que posso pagar sorrindo ou correr de vez por constatar
produtos com preços elevados comparando com outros estabelecimentos/serviços.
Muitos empresários preferem que a comissão/gorjeta seja paga pelo cliente ao
garçom, eles não são bobos, afinal, o cliente pagando não entra na folha de
pagamento da empresa e nem precisam elevar os preços dos produtos no cardápio.
Agora sempre pergunto ao garçom se ele recebe esses 10%. Se for o caso
e você quiser gratificar pelo excelente serviço, pague por fora. Observe toda
estrutura do estabelecimento comercial, pois atender bem não é só o garçom, é a
soma de todos os fatores: ambiente, benefícios recebidos tipo cafezinho,
estacionamento, entre outros. Enquanto isso o PROCON recebe minha nota 05, vive
brincando de se enganar, achando que resolve e fingindo que não vê.
Ao invés de usarem a palavra cobrar, seria mais sábio solicitar, pedir, até aí normal, o que não pode é impor. A palavra cobrar soa mal, a gente cobra a quem deve, e eu não devo 10% a restaurante nenhum, não tenho sócios. Gratifique se merecer e negue aos oportunistas de plantão. A gorjeta é facultativa; e atender bem é uma obrigação.
* Texto publicado originalmente na coluna Opinião do Jornal Correio da Paraíba em 08/03/2015

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