Cercados pelo mal*

Diariamente ouvimos falar em motivação, trabalho em equipe, sucesso profissional, conquistas, prosperidade, paz e amor. Será que os que falam ou ouvem vivem de fato este espírito de ascensão? Noto a cada dia que estamos cercados pelo mal. Não temos mais segurança e em vários lugares somos expostos ao não desejado. No trânsito, é normal vermos armas móveis e, nas escolas, o ensino está perdendo a prioridade para as drogas que encontram seus lugares. Nos postos de saúde, pedimos socorro, mas a verba foi desviada. E a doença má, em parceria com os maus políticos, aniquila a humanidade.

A mocidade acelera a vaidade em ritmo frenético. Em muitos momentos esquece as raízes e não está mais respeitando pai, mãe, princípios. O que sobressai é sua vontade, desejo

e satisfação pessoal, não importando a repercussão.  Há quem diga que isso é liberdade de expressão, felicidade! Muitos estão cercados e cegos, já dominados pelas práticas do mundo perverso. As atitudes parecem e tornam-se normais! O povo está perdendo o equilíbrio.

Ao ligarmos a televisão, o rádio ou a internet, presenciamos parte da vida real: a verdade. Não é culpa das empresas de jornalismo. O povo gosta, quer ver. Algumas pessoas querem e precisam satisfazer seu Ibope pessoal. São alimentados com isso. Você já percebeu que em um acidente automobilístico logo se forma um congestionamento? Muitas vezes é porque as pessoas vão transitando lentamente para verem e analisarem o ocorrido. Na mente de cada um passa um filme que terá prazer de ser narrado logo mais aos amigos, dizendo: “eu vi tal acidente, Fulano”. Isso para eles é como se fosse um furo de reportagem dito na linguagem jornalística. São mensageiros da má notícia. Se passassem a mensagem no caráter educativo, preventivo estava bom, mas muitas pessoas passam como se fosse um momento de fervor. Poucos, de fato, param ou tentam contribuir para ajudar o acidentado com uma simples ligação para os socorristas de plantão.

O estrondoso Ibope nas mídias precisa ter algo chocante do tipo crime cinematográfico, cheio de dúvidas e crueldades para cada telespectador formar sua opinião: queda de avião, entrevistas com fatos bombásticos de famosos, apologia ao sexo, vídeo cacetadas para sorrirem com a dor do próximo. Precisamos nos blindar e disseminar o bem, ser diferente, somar.

Fico triste ao ver diariamente algumas pessoas comemorarem a queda financeira do Eike Batista, já percebeu? Enfim, a própria vida nos levará ao pó. Estamos cercados. Para alguns, realmente será o escuro; para outros de vida digna, reta, justa, guiada por Deus, será a luz.

* Texto publicado originalmente na coluna Opinião do Jornal Correio da Paraíba em 16/10/2013