Por Marcela Bourroul*
Robert McKee não é ator nem
diretor, mas possui 60 estatuetas do Oscar em seu currículo. Ok, não foi bem
ele quem levou os prêmios, mas seus alunos. O norte-americano é considerado o
maior especialista em storytelling do mundo e já deu aula para nomes conhecidos
de Hollywood, como Peter Jackson e Paul Haggis, roteiristas de Senhor dos Aneis
e Menina de Ouro, respectivamente. Além de ensinar técnicas de narrativa para o
mundo do cinema, ele também ajuda empresas e executivos a conquistarem suas
plateias, sejam elas compostas de funcionários, clientes ou investidores.
Segundo McKee, contar histórias é
um jeito eficiente de se comunicar com as pessoas, porque é assim que a mente
humana funciona. “A sua mente é uma máquina de fazer histórias. Quando você é
criança, a coisa mais natural é contar histórias. É dessa maneira que a mente
foi desenhada por milhões de anos para interpretar a realidade. Contar
histórias é a única linguagem internacional e a maneira de fazer as pessoas
entenderem seu ponto de vista”, afirmou em palestra no HSM ExpoManagement 2014,
em São Paulo.
Ele afirma que vivemos em um
mundo confuso, que faz cada vez menos sentido. Portanto, o que as pessoas
querem ouvir de um líder executivo é um relato dinâmico, honesto e que tenha a
ver com seus próprios objetivos. “Assim, elas entenderão o que você pensa e
poderão se juntar a você. Elas te seguirão e te acompanharão em direção à sua
meta. Histórias ‘empoderam’ a liderança.”.
Muitas pessoas têm dificuldade
para entender o que é exatamente uma história. Na definição de McKee, listas ou
uma sequência de fatos cronológicos não são. É preciso haver uma sequência de
eventos ligados por causa e efeito e a contraposição de valores, como sucesso e
fracasso, para criar uma boa narrativa.
“No caso dos executivos, os dados
são o conteúdo e a história é a forma. Eles andam juntos. Se você só apresentar
números, ninguém vai te ouvir. Se tudo o que você tiver for histórias,
provavelmente será enrolação e ninguém vai te escutar também. É preciso
transformar em narrativa seu conhecimento e contá-lo com profundidade”. O
segredo, portanto, não é excluir números ou fatos de exposições, mas sim
apresentá-los de uma maneira mais agradável ao público. “As histórias captam a
atenção das pessoas”.
A barreira dos executivos em
relação ao jeito diferente de apresentar seus argumentos e suas posições tem
muito a ver com sua educação. Na escola e nas universidades, eles são treinados
para apresentar seus argumentos, a partir de lógicas dedutivas ou indutivas,
escrever relatórios e tirar conclusões, excluindo a habilidade que cultivamos
desde a infância de amarrar os fatos e contá-los em forma de história.
Sobre o uso do PowerPoint em
apresentações, ele afirma que não é absolutamente contra a ferramenta. “É
simplesmente um meio de ilustrar os argumentos. O problema com o PowerPoint é
mais embaixo: é a lógica das empresas, como elas pensam e tentam convencer as
pessoas usando apenas a lógica indutiva. É uma dissertação escolar com efeitos
de Hollywood.”.
(*) É jornalista online na Época
Negócios ( Editora Globo).
Fonte: Portal Época Negócios.

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