Por César Souza*
Nas empresas, verdadeiras fortunas
são gastas em Programas de Desenvolvimento de Liderança que conseguem no máximo
formar gerentes um pouco mais eficientes, mas não líderes mais eficazes. É o
que comprova uma pesquisa realizada pela consultoria McKinsey divulgada esta
semana.
O estudo foi realizado com 189
mil profissionais do mundo inteiro de 81 empresas de grande porte. Ele revela
que as companhias planejam investir cerca de US$60 bilhões neste tipo de
programa. Entre os CEOs participantes, 90% garantem que a intenção é aumentar ainda
mais esse investimento – embora menos da metade deles acredite que renderão
frutos no futuro (43%)!
O eixo da questão é que a atual
dinâmica corporativa requer líderes inspiradores de qualidade e em quantidade
muito maior que no passado. As organizações não podem mais apenas privilegiar o
pensar
de alguns no topo da pirâmide. Atualmente são necessários muitos líderes
em todos os níveis, em todos os seus centros de resultados, inclusive nas áreas
funcionais que precisam de espírito mais empreendedor e menos burocrático. O
diferencial de empresas de sucesso são líderes eficazes – e não simples
gerentes eficientes – para empresariar negócios, nichos de mercado, produtos,
áreas geográficas ou projetos.
É o momento de exercitar uma nova
forma de pensar e exercer a liderança. Não basta apenas de melhorar o que
existe, de incrementar o pensar para aperfeiçoá-lo e de ajustar o agir.
Trata-se de reinventar o pensamento e a ação.
Boa parte dos conceitos de liderança, tal qual os conhecemos hoje, estão
com os dias contados. Os velhos atributos do que era considerado um líder
eficaz foram desenvolvidos para uma realidade que já não existe.
E, então, os líderes eficazes
precisam atuar também em situações em que não têm autoridade formal de comando.
Seu teste de fogo é comandar pessoas fora de sua equipe. Eles precisam derrubar
as paredes às quais se acostumaram, mudar a mentalidade e construir pontes
internas e externas que liberem a criatividade dos talentos humanos para melhor
conectá-los, onde quer que estejam, seja dentro ou fora da companhia.
O mundo corporativo requer
profissionais capazes de exercer a liderança não somente sobre sua equipe como
sobre equipes de outras empresas, clientes, parceiros, distribuidores,
fornecedores, comunidades e investidores; e capazes também de produzir resultados
igualmente no “lado de fora” de sua empresa.
As empresas vencedoras serão
aquelas que souberem montar verdadeiras “fábricas de líderes”. Não funciona
mais desenvolvê-los por meio de treinamentos “de prateleira” baseados nos
antigos fundamentos da administração. E também não é simplesmente aperfeiçoar o
modelo já existente com novas questões superficiais, com palestras sobre temas
do momento ou com metodologias cosméticas. Trata-se de repensar seus programas
para que o processo de aprendizagem integre técnica e pensamento, intuição e
intelecto, ciência e bom senso.
Há uma série de diferenciais que
podem favorecer a formatação de programas de desenvolvimento de líderes
eficazes. Seguem aqui os cinco que considero essenciais:
1) Alinhar de objetivos do programa
com a estratégia da organização – Os resultados devem ser mensurados e
correlacionados com as competências essenciais diferenciadoras do sucesso ou do
fracasso do negócio. E esses objetivos devem ser específicos.
2) Priorizar mais a forma de
pensar do que a parte técnica – Este é o ponto principal para ajudar as pessoas
a descobrirem o líder que cada uma traz dentro de si e o próprio estilo de
liderança.
3) Desenvolver a capacidade de
autoaprendizagem permanente – Assim é possível focar mais na capacidade de
formular perguntas certas e construtivas do que simplesmente na busca por
respostas imediatas.
4) Potencializar o aprendizado
além da sala de aula – Há infinitas forma de aprendizado no dia a dia, na
história, na arte, na filosofia e em outras expressões culturais e esportivas.
A sala de aula deve ser reservada para a troca de experiências e para a
reflexão individual sobre as próprias circunstâncias e sobre alternativas de
mudança.
5) Valorizar o intangível –
Relacionamentos, atitudes, clima e valores devem ganhar tanto ou mais destaque
que os ativos tangíveis necessários (mas insuficientes).
As companhias que não prepararem
a tempo seus líderes para as novas circunstâncias da dinâmica empresarial
poderão pôr em risco seu próprio futuro ao contentar-se apenas com
profissionais “mais ou menos” – os que fazem diferença se moverão com a
velocidade proporcional ao seu talento!
(*) É um dos mais respeitados
consultores sobre estratégia, gestão e liderança. Escritor e palestrante,
preside o Grupo Empreenda. Dentre seus best-sellers acaba de lançar o livro “A
NeoEmpresa”.
Fonte: Blog do Management da EXAME.com

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