Por Maurício Goldstein*
Há poucas semanas, participei de
um diálogo sobre literatura e o facilitador da conversa, um doutor em história,
nos contou sobre a origem da palavra vocação. Esta vem do latim “vocare”, verbo
que quer dizer “chamar”, ou seja, a vocação é um chamado da vida a expressar um
talento, uma aptidão natural para executar algo que vai lhe dar prazer. É como
uma ideia que insiste em permanecer, mesmo quando queremos descartá-la. E este
é um dos principais desafios (e oportunidades) do crescimento do ser humano:
encontrar e expressar a sua vocação única no mundo.
Mas geralmente isto não é tão
fácil por alguns motivos: a nossa educação, as organizações, a sociedade e
inclusive a nossa família nos convidam a nos conformarmos a formatos
pré-estabelecidos
para nossa vida – a boa menina, o bom aluno, um bom emprego,
seguir o plano de carreira da sua empresa, ser promovido, casar e ter filhos –
todas as formas de sermos aceitos e incluídos nos grupos aos quais gostamos de
pertencer. Contudo, ouvir o chamado da vida exige muita coragem (palavra cuja
origem é “agir com o coração”). Somos seres singulares, únicos, e expressar a
nossa vocação vai exigir de nós quebrarmos alguns tabus, sairmos do óbvio,
eventualmente rompermos com o sistema com o qual estamos habituados e assim
geralmente nos tornamos esquisitos para aqueles com quem estávamos acostumados
a conviver. Se você quiser viver uma vida plena, vai ter que correr o risco de
se tornar esquisito (do latim exquisitu, algo procurado e escolhido com
cuidado). No português, esquisito tem o significado de anormal. E é isto mesmo
que estou dizendo: você talvez pareça anormal, fora da norma, da regra
estabelecida pelos outros para a sua vida.
E o interessante é que podemos
estender esta mesma lógica para sua empresa: qual é sua vocação, seu serviço aos
seus clientes e ao mundo, a expressão única da sua essência? Pense nas empresas
que você realmente admira no mercado e note que todas elas são únicas, abriram
caminho, fizeram história. Não foram cópias de outras, não se basearam em
“benchmarks”, este sim um processo que só leva à mesmice. Elas talvez também
tenham se tornado esquisitas a princípio, ousando fazer algo diferente do que
todos os competidores estavam fazendo. E neste sentido, elas se tornaram
originais.
Albert Einstein já dizia: “Se, a
princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela”. Qual é a
ideia absurda e única que você tem, que desperta a sua paixão pela vida, e que
lhe dá um frio na espinha? O que você precisa para se entregar à sua vocação e
dar um passo nessa direção? O que o impede de fazer isto agora? Este é um
convite à sua esquisitice, à sua forma única e, algumas vezes incompreendida
inicialmente, de você se apresentar para a vida. Vamos dar à nossa esquisitice
o sentido que os hispânicos dão à palavra exquisito: saboroso, atraente,
sedutor, agradável, artístico e belo. A ela damos as boas-vindas!
(*) É consultor da Corall, autor
e palestrante.
Fonte: Blog Fora da Caixa, do portal EXAME.com

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