Por Carolina Ruhman Sandler*
Quem nunca ouviu a frase “escolha
um trabalho que você ame e você nunca terá de trabalhar um dia na sua vida”? É
uma frase motivacional incrível, boa para servir de guia em momentos de
indecisão. No entanto, acho ela muito rasa – afinal, todos temos nossos dias
bons e ruins. Ninguém faz só o que gosta, e todo trabalho incrível tem um lado
B.
Quando estava montando meu
negócio, ouvi um conselho muito mais sábio. Fui conversar com o Samir Iásbeck,
do Qranio, e ele me contou que quando criou a startup, sua ideia inicial era
fazer o que ele gostava – programar. Contudo, assim que colocou o negócio no
ar, ele passou a ter de fazer
milhões de outras tarefas, muitas das quais ele
não gostava. “Empreender é deixar de fazer só o que você gosta para poder
construir um sonho”, ele me contou naquela tarde.
Foi uma frase poderosa, e de
tempos em tempos lembro dela. Na minha vida de empreendedora, vejo-me
resolvendo milhões de pepinos, lidando com tarefas de dezenas de áreas
diferentes. No mesmo dia, sou marketing, estratégia, financeiro, RH e conteúdo.
Ou, como brinco, eu canto, danço, sapateio e sirvo cafezinho.
Acredito que esta é uma mensagem
fundamental para passar para quem pensa em empreender. Muitos pensam: vou
trabalhar com o que gosto, não terei chefe nem horário, e ainda posso construir
algo bacana. Quem não gostaria disso, não?
No entanto, empreender exige
mais. Paixão sozinha não resolve. Você pode amar malhar, ter um corpo
fantástico, ajudar todas as suas amigas a emagrecer e achar que a sua sacada na
vida é abrir uma academia. Mas, e o plano de negócios? E toda a pesquisa, o
benchmarking? Todo o planejamento?
A paixão é a base, o primeiro
passo. Se você já sabe com o que quer trabalhar, é hora de ir atrás. Pesquise
quantas outras academias já existem no seu bairro, veja o que algumas academias
inovadoras estão fazendo no exterior, calcule quanto você vai precisar
investir, quantos funcionários e quantas máquinas vai ter que ter, qual
inovação só você poderia trazer ao mercado. A paixão é a ignição, o que nos
motiva a ir atrás.
Logo, você descobre: o negócio em
si é a paixão. A vontade de construir algo que tenha um impacto, que ajude as
pessoas, que contribua, de alguma forma, no mundo, que traga um potencial
bacana de lucro. Pois é – o Samir tinha razão.
(*) É Fundadora e CEO do site
Finanças Femininas, coautora do livro “Finanças femininas – Como organizar suas
contas, aprender a investir e realizar seus sonhos” (Saraiva, 2015). Estudou
Jornalismo na PUC-SP e Economia e Relações Internacionais no Institut d’Études
Politiques de la France, em Paris.

Nenhum comentário:
Postar um comentário