Uma receita para aproveitar as oportunidades que toda crise oferece.
Por Daniel Castello*
O cenário está complicado…
Complicado como? Os fatos básicos podem ser comuns a todos – inflação, juros,
dólar alto, retração do consumo, arroxo fiscal, entre outros pontos, que acabam
pesando no fluxo de caixa e na gestão do negócio – mas, o que isto significa
especificamente para você e para sua empresa? É ruim? É neutro? É bom? Não se
engane: para algumas empresas, é muito bom.
Um dos maiores erros que um
empreendedor pode cometer em um momento de crise é “andar com a manada”. Nas
crises, sempre existem oportunidades, só que, quase por definição, elas não
estão
disponíveis para todos. Outro erro é arrogantemente achar que “nada
mudou” e que a crise não tem impacto sobre o seu negócio. Provavelmente tem. E
é importante entender quais são.
Para surfar na onda da crise, é
preciso ter atenção, capacidade analítica e uma certa habilidade de ficar imune
ao mau humor que toma conta do ambiente. Há uma certa fala turbulenta e
assustadora que alimenta e é alimentada pela mídia (é a oportunidade dela na
crise!), mas que, no fundo, faz bem pouco sentido estruturalmente.
A capacidade de planejar na crise
é essencial. Sinceramente, também não é tão difícil. É claro que o plano não
vai ser tão cheio de detalhes, as metas provavelmente terão que ser
renegociadas ao longo do caminho. Eu diria que esta é mais hora de focar no
essencial do que de entrar em aventuras. Mas dá para fazer! É só ter método.
Segundo os professores Nathan
Bennett e G. James Lemoine, em um artigo brilhante da HBR chamado “What VUCA
Really Means for You”, o plano demandará certas características específicas de
acordo com a dinâmica dominante nos espaços competitivos em que você decidir
jogar.
VUCA é o acrônimo de Volatility
(Volatilidade), Uncertainty (Incerteza), Complexity (Complexidade) e Ambiguity (Ambiguidade).
É uma forma simples e prática de entender com que tipo de cenário estamos
lidando:
1. Se a dinâmica for de grande Complexidade (muitas partes e
variáveis interconectadas de forma, na prática, imprevisível), o plano terá que
incluir a construção de recursos para lidar com a complexidade, como
contratação de especialistas e reestruturação de processos de coleta e
processamento de informações.
2. Se a dinâmica for de grande Volatilidade (o desafio é
inesperado ou instável, mas não necessariamente difícil de entender), o plano
terá que gerenciar cuidadosamente risco e custo. Por exemplo, a estratégia de
busca do estoque ideal em um operador logístico vai ter que balancear risco de
ruptura e risco de endividamento excessivo. As premissas para tomada de decisão
desta questão têm que fazer parte do plano.
3. Se a dinâmica for de grande Ambiguidade (as relações
causais no ambiente são totalmente obscuras e muitas coisas nem sabemos que não
sabemos), o plano terá que incluir testagem e prototipagem. Ou o risco de
fracasso será exagerado.
4. Se a dinâmica for de grande Incerteza (sabemos como os
eventos se comportam, mas nem sempre temos a informação necessária para tomada
de decisão), o plano terá que definir formas de coletar, organizar e processar
informação no tempo adequado para a tomada de decisão tática-operacional.
O cenário não é o mesmo para
todos os setores e empresas. Cada um é afetado pela conjuntura de uma forma
diferente e específica. Pare e pense. De que forma sua empresa está sendo
afetada? O que você tem que fazer para colher as oportunidades que esta crise
lhe oferece? Qual é o seu plano?
(*) É consultor e palestrante nas
áreas de estratégia e gestão de pessoas.
Fonte:
Portal Endeavor Brasil.

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